
Nesta sexta-feira, 18 de julho de 2025, o Supremo Tribunal Federal (STF), por meio do ministro Alexandre de Moraes, autorizou uma operação da Polícia Federal que culminou em medidas cautelares contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre as principais decisões, Bolsonaro foi obrigado a usar uma tornozeleira eletrônica e teve parte de sua liberdade restringida, com proibição de acesso às redes sociais, restrição noturna à sua residência, proibição de contato com embaixadores e outras pessoas investigadas, incluindo seu filho Eduardo.
A decisão atende aos temores do STF de que Bolsonaro possa tentar fugir do país ou interferir no andamento do processo que o investiga por alegado golpe de Estado. Moraes destacou que há evidências preocupantes de que o ex-presidente buscou apoio externo — especialmente de Donald Trump — para pressionar o Judiciário brasileiro e desestabilizar o processo.
Na manhã do dia 18, agentes da PF cumpriram mandados de busca e apreensão em Brasília, visitando não apenas a residência de Bolsonaro, mas também o escritório do Partido Liberal. Durante as ações, foram apreendidos aproximadamente US$ 14 mil em espécie, R$ 8 mil e documentos digitais, incluindo pendrives, que agora integram o material analisado pela investigação.
Um dos elementos centrais da justificativa para as cautelares é o risco de obstrução à Justiça, agravado pelo expresso pedido de Trump para que o julgamento fosse interrompido, acompanhado da ameaça de tarifa de 50% sobre produtos brasileiros — pressão externa que, segundo o ministro Moraes, constitui tentativa de influenciar o processo judicial por meios econômicos.
Além da tornozeleira, Bolsonaro está proibido de usar redes sociais, manter contato com investigados no processo — incluindo seu filho Eduardo Bolsonaro, atualmente nos Estados Unidos —, e frequentar embaixadas ou manter contato com diplomatas. A restrição noturna, que obriga o ex-presidente a permanecer em casa das 19h às 6h, também foi determinada para mitigar supostas tentativas de fuga do país.
Bolsonaro reagiu com veemência. Ele chamou as medidas de “suprema humilhação” e afirmou não ter intenção de fugir do país. A defesa do ex-presidente classificou as determinações como “severas” e desproporcionais, mas enfatizou que cumpriria as ordens judiciais.
As implicações do caso extrapolam a esfera judicial. A filiação de Eduardo Bolsonaro a autoridades dos EUA, como parte de uma articulação para pressionar o STF e influenciar sanções contra o próprio ministro Moraes, agrava a crise político-institucional em curso no Brasil.
Para especialistas, a operação reforça o fortalecimento das instituições brasileiras e comprova que o Judiciário está atento à atuação de figuras públicas, escolhendo instrumentos legais proporcionais aos riscos representados. A atuação combativa de Moraes pode criar precedentes importantes no combate a tentativas de ingerência externa em processos internos.